sexta-feira, 2 de março de 2012

"Religião"


De forma completa e bem elaborada, conseguiram povoar céus e terras,  estendendo-se ao submundo, repletos de seres magníficos e monstruosos, na qual encaixaram semideuses e grandes heróis. Tiveram a capacidade de atribuir  histórias para cada criatura que até hoje povoam  o pensamento humano.
É através destes seres magníficos que tentam explicar aquilo que não está ao alcance de seus conhecimentos.

Sua fraqueza pelos acontecimentos naturais se traduz no respeito e temor pelas criaturas que criaram para explicar o inacessível.

Não é pela natureza em si que o homem primitivo se interessa, mas sim, por aquela que interfere e condiciona sua existência e ações. Não que tudo na natureza seja um deus, mas todo tipo de reação e ação desta pode estar directamente ligada á sua manifestação mais viva. Assim, cada acontecimento pode ser justificado como a ira ou a boa graça de um determinado deus, como ocorre, por exemplo, no mito de Demeter e Persofone, esta primeira, que, tendo a filha sequestrada pelo Deus do submundo, priva os humanos de sua graça retirando-lhes os alimentos que brotam da terra.
Tendo a filha restituída pelo Deus Supremo (Zeus), mas por tempo limitado, os humanos passam a ter a boa graça da deusa durante os oito meses que a filha está ao seu lado e, privando-os das colheitas nos quatro meses que a deusa Persefone retorna ao Hades[1].

Adoram nos seus deuses aquilo que almejam:

Os deuses, seres imortais, libertos das mais pesadas servidões e dos temores da mortalidade e sofrimento, guardam em si sentimentos humanos que variam desde o seu melhor para o seu pior. Eles não vivem em função do homem, apenas se limitam a existir e coexistir com estes.
Vistos de uma maneira humana, com sentimentos semelhantes ao de cada um, melhor justificavam suas acções.
Mas houve divindades que não chegaram a ser totalmente  humanizadas, dado a dificuldade de compreenção do seu modo de acção, como é o caso das Moiras (Destino), Thémis (Ordem Universal), Nemesis (Justiça Distribuítiva), Furias (Vingança), Chronos (Tempo), entre outros, no qual a existência avassaladora  tem consequências irreversiveis para com o Homem.
Todos estes  ligados ao destino do Homem; fiado pelas Moiras, deusas implacáveis, para que se cumpra as leis ditadas por Thémis: a Lei Universal.

É dela que surge a ordem que humanos e deuses têm que seguir  para não experimentarem as consequências irreversives e muitas vezes cruéis.

De certo modo  contraditória, mas, implacável em sua simples reacção.



[1] Trabalhos e Dias - Hesiodo

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Introdução


A



justiça e sua aplicação sempre variou de acordo com o local e o tempo. Algumas com leis mais complexas que outras, mas, sempre obedecendo os mesmos princípios: União e organização de uma comunidade ou conjunto de povos, de forma a conviverem em harmonia, punindo de forma correta aqueles que agem contra sua melhor organização e segurança.

Para os gregos da época clássica essas leis, que mantinham a ordem universal, eram personificadas por uma deusa anterior aos olímpicos: Thémis.  E, uma consciência que levaria a uma justiça aplicada aos homens: Dike ou Astrea.

Este trabalho tem como objectivo identificar a diferença entre ambas as entidades, diferenciando desde sua representação, até a aplicação de suas leis.

Assim, mostrando um pouco de seus mitos, suas representações e local de culto, como também, sua maior influência nas populações desta época, a nível social e cultural, levando o seu sentido aos grandes heróis da Época Clássica.

Nesta fase, tomarei como exemplo dois heróis marcados pelo objectivo deste trabalho. O primeiro, Aquiles, descrito na obra atribuída a Homero e, em segundo, a título de comparação, Prometeu, da Tragedia: Prometeu Agrilhoado, atribuída ao poeta Ésquilo.

Pretendo também citar duas entidades directamente ligadas a Ordem Cósmica e, suas funções na Mitologia Grega, assim como a representação romana e o sentido que esta representa na actualidade.